domingo, 14 de fevereiro de 2010

Samba no pé que é bom, nada!

Muita gente diz que brasileiro aproveita os feriados de final de ano e já emenda o natal no ano novo e começa a vida e a prometida dieta depois do carnaval. Há anos que desconheço, infelizmente, essa sensação, já que desde que voltei da Itália em 2007 não tenho férias e em vez de emendar um feriado no outro, acabei é juntando um trabalho em cima do outro e aqui estou na Guatemala, trabalhando 8, 10, 12 horas por dia, obrigada. Portanto, um feriado tipo o Carnaval - vários dias de folga, praia, calor e festas - seria algo muito esperado. Pelo jeito vou continuar esperando, já que carnaval não é o forte por aqui, e mesmo nunca tendo sido grande fã da muvucada, eu adoraria se essa data fosse celebrada por essas bandas também.

Eles bem que fizeram uma tentativa, mas a associação de tradições na Guatemala, é claro, teria que ter suas próprias características bizarras. No começo da semana um colega holandês me ligou pedindo apoio na festa de carnaval que ele estava organizando com um dono de um bar bem legal que tem por aqui, o Cheers. Falou para avisar a “comunidade brasileira”, que para mim significa “fale com seus roomates” e levar uns sambas e tal. Até tentei me comunicar com a embaixada brazuca, mas com aquele belo horário de atendimento até às 13h, imaginei o esforço que eles fariam pra divulgar a festa. Resolvi mandar um e-mail pra descarregar a consciência, mesmo tendo visto que a agenda cultural no site deles tinha como evento marcado um show de samba em outubro de 2009! Desatualizações a parte, não recebi resposta até hoje. Mas, na verdade, foi um sinal, porque a festa em si faria qualquer passista se orgulhar pela decoração e se enforcar numa serpentina pelo quesito música.

Mais uma vez eu tentei. Cheguei, entreguei os cds para o DJ chapin, dei as devidas explicações e ofereci ajuda para escolher as músicas certas. Horas de pesquisa e downloads em vão. A desgrama do homem continou botando os mesmos reggaetons de todas as festas da Guatemala!! Na boa, eu acho que existe uma convenção de DJ’s, na qual a ala conservadora pleiteia a execução das mesmas 10 músicas em todas as festas. Ou junto com a leia seca de tudo fechar a 1h da manhã, deve ter uma lista de reprodução musical obrigatória, sei lá! E logo o Cheers, que era um dos únicos refúgios que eu conhecia onde o rock se escondia, até então, sucumbiu aos apelos do reggaeton e da salsa.

90% da festa era gringa, 50% acima de 40 anos e aí descobri que, de fato, outras embaixadas ajudaram na divulgação. Assim, as comunidades inglesa, alemã e holandesa estavam em peso e em cabelos loiros, enquanto a brasileira seguia representada por mim e pelo Fábio apenas. Bem, ser minoria eu já estou acostumada, agora ser minoria e sem voz em pleno carnaval foi um golpe à minha diplomacia. Nem o coro dos amigos gringos gritando “samba samba!” tocou o coração de salsa gelada do DJ.

Foi quando eu ouvi a introdução de um trambone e já acreditando que viria um pandeiro, uma cuíca ou algo assim, o salão se inundou com uma marchinha... HOLANDESA! Incrédula, parei pra ver a comunidade loira cantando numa língua bonitamente maluca e levantando seus copos de cerveja guatemalteca, quando começa outra marchinha e eu já com a cabeleira do zezé entalada na garganta e... ALEMÃ??? Foi tudo muito rápido, mas quando dei por mim já tinham nos jogado para um trenzinho e todos rodando o bar ao som de uma música que lembrava alguma festa do imigrante numa cidade chucrute perdida pelo Brasil. Não sabia se ria ou chorava, mas vi a esperança do samba morrer quando entre um reggaeton e outro o DJ era obrigado a tocar mais e mais marchinhas holandesas e alemãs. Nem meu chapéu fake de Carmem Miranda fez o homem amolecer. Resultado: antes do fim da festa pedi meus cds de volta, e fui aguardar a coroação do rei e da rainha do carnaval chapin 2010. O gran finale foram as pessoas sendo premiadas com um grande e fedorento (mas que parecia delicioso) queijo feito com leite das vaquinhas gordinhas holandesas de sininho no pescoço.

(Para ler com voz de juiz do carnaval do Rio)
Quesito: harmonia.
Mocidade Independente da Guatemala Marota: 7 e meio.

* Post dedicado ao amigo Guido, que vai pra sua temporada intercambista na Holanda nessa terça, país que não tem o melhor carnaval do mundo, mas que tem outras 786 mil coisas melhores que isso! Vai que é tua braço!

(Para ler como se tivesse xingando a 3ª geração da sua família)

11 comentários:

Gleyson disse...

Opa, primeirão!

AHAHAHAHAHAH Reggaeton é VIDA!

OH GOD, por que eu resolvi ver as fotos?

Só gringo com cara de bêbado, uma mulher lá que sempre faz o mesmo olhar e você com seu cabelo alisado (???).

PS: Achei seu chapéu de Carmem Miranda muito chinfrim, mais compromiso com seus adereços no próximo Carnaval off-Brasil.

Juliana Farias disse...

Adorei, rere. Aqui em Vitória, a cidade está vazia. Quando finalmente decidi desfilar em escola de samba local na semana passada. A escola caiu pra segundona. Oh tristeza. Parabens pelo post.

Unknown disse...

Drag,
nota dez!
senão pela festa, pelo post. divertidíssimo...
Mas carnaval é assim mesmo... ora precisa só de animação...
grande bj
saudades sempre

carlos calenti disse...

gente, só seu blog mesmo pra mobilizar até gleyson e ronald na mesma caixa de comentários.
mais um post super engraçado, amor. curto muito isso aqui.
bjãão
(gostaria de falar te amo em espanhol, mas não sei. acho q é te quiero, mas se não for, pode significar alguma coisa que pegaria meio mal. entonces: te amo. saudades)

Unknown disse...

Concordo com o colega Gleyson: reggaeton é o que há! Talvez você teria feito mais sucesso com o DJ se, em vez dos sambas indispensáveis, tivesse levado a última da Ivete (Lobo Mau) ou algum CD do tipo Axé Bahia.


O chapéu também não contribuiu nada para melhorar o nível da festa... E os gringos não eram os únicos "chapados", né? O que é que houve com suas belas mechas?

Bem, deixando a implicância pra lá, o blog está mesmo muito divertido! E continuamos confiantes em você como embaixadora da cultura brasileira. Quem sabe você não consegue emplacar uma festa junina?

Beijões,

Vitor

P.S.: Guidão acabou de embarcar...

Stefânia M. disse...

vi você super brasileira de chapéu a la MUG, mas e o Fábio? tá mais para gringo do que brazuca! converte ele aÊÊÊÊ! hehehe

mega risos com o post!

beijos!

Unknown disse...

Renartis (vulgo Reina da Novartis)...

Certeza que se eu tivesse aí o carnaval seria muito mais vibe...jejejejejeje
Ainda mais comigo e meus amigos vestidos de Beyoncé y Lady Gaga na praia.....

Saudades gata
Prega os peito nos pseudo carnavais daí....
Bjos

Katarine Rosalem disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Katarine Rosalem disse...

Amiga, juro que ia te defender e elogiar o seu chapéu carmem miranda. Mas depois que o vi, tipo, desisti! kkkkkk...

Veja pelo lado bom: tenho certeza que o DJ não tocou "rebolation" da banda "Parangolé". Música MEGA divertida (¬¬) que tocou nnnnnnnnnnnnnnnnnn vezes no carnabrasil. Acertei? LOUVE A DEUS!!! Não aguento mais ouvir essa PRECIOSIDADE da música axébrasileiresca.

No mais, deixo meu recado dizendo que ADOREI, de novo! E morri de rir, de novo tb,hehehehe...
bjos animados e banhados em muuuitas marchinhas de carnaval!

Anônimo disse...

Imagino soh a grosseria da Renata exigindo os cd´s de volta... aahuahauah.... e o pior, a cara de pau do cara em não tocá-los.... acredito que esse tal ritmo "reggaeton" deve ser mesmo contagiante.. ahuaahua... jah naum vejo a hora de conhecer... Naum esquecça um cd desse ritmo hein... ano que vem vamos tocar em alguma boite aqui no carnaval tb... hahaha.... o mais engracado foram as fotos dos gringos dentro da boite!!! ahauahauha....

.fábio disse...

PARA DE RECLAMAAAARRRRR ! ! ! !

Ta aqui meu comentário por obrigação !

P#$%@.. VAI SE $%$%@&