Depois de um mês sem dar o ar da graça, voltei para contar umas passagens nas minhas andanças pela Guatemala. Para economizar cliques e acessos, vou resumir duas histórias e contá-las agora, ya, now!
Panajachel (departamento de Sololá)
O primeiro desafio de viajar na Guatemala é pronunciar o nome da cidade de destino. Não que “Panajachel” seja difícil em espanhol, mas o som da palavra ecoa como algo com o que jamais farei algum tipo de associação. Talvez essa minha limitação deva ser porque Vitória e Vila Velha – tão comuns no meu vocabulário capixaba – não careçam de muito poder de abstração. Enfim, Panajachel (Pana para os íntimos) ainda vai, quero ver o dia em que eu for a Huehuetenango, Chalchuapa ou coisa assim. Terei que ter muito cuidado, pois uma troca de sílabas pode me levar, de repente, para um lugar mais bizarro ainda, tipo Honduras, sei lá (ok, ainda não superei o trauma).
Fomos comemorar o aniversário da amiga chapina Celeste em Pana num final de semana. Além de nós duas, foram também o Fábio (Brasil), a Miriam (México) e o nosso amigo, motorista e dublê de ator cantonês, José-Jackie Chan. Lá encontramos a Estrella (Guate) e o Malek (Alemanha). Depois de andarmos pelo mercado de artesanatos pedindo desconto até em chiclete, pegamos um barco que nos levou até o povoado de San Pedro la Laguna. Ah sim, barco porque em Pana está localizado um dos maiores lagos da Guatemala, o Atitlán, com 126 Km2. O lugar é bem bonito, mas infelizmente o lago está contaminado por uma bactéria, o que impede algumas (eu disse algumas) pessoas de tomar banho. Os riscos são os mesmos conhecidos de outros lagos impróprios: você mergulha com 10 dedos nas mãos e volta com 15 e ainda ganha um 3º olho de brinde. Resultado: qualquer gota do Atitlán que caísse em nós durante o trajeto já era motivo para desabrochar o desespero de se tornar um mutante. O mais legal do passeio foi conhecer uma hippie gringa muito bonita que nos acompanhou no barco. Imaginem só: loira, alta, olhos azuis, magrinha... E com a trança da Rapunzel embaixo do braço.
San Pedro la Laguna é um povoado muito interessante. Lá há vários bares e restaurantes legais, pousadas baratas e os nativos falam, além de espanhol, umas línguas indígenas chamadas K'iché, Tz'utujil e Cakch'iquel (agora eu dou um doce pra quem souber pronunciar isso). Seguindo a tradição chapina de beleza no rock, saímos para uma boate onde a pessoa mais bonita era o garçom, obrigada. E como quando chove Xuxa no meu colo cai Pelé (e se bobear com a Sasha no colo dele), podem imaginar as criaturas que por lá estavam. Até um aborígene neozelandês apareceu entre os hippies e os nativos na festa. Para resumir Pana, deveria dizer que os pontos altos foram: nativa tomando banho peladinha no lago, Jackie Chan “perdendo” o quarto na pousada e uma ressurreição da Shakira no início de carreira como trilha sonora local.
Tikal
Na semana santa Fábio, Ricardo (amigo chapin-hindu) e eu fomos às ruínas do império maia que estão situadas na região de Petén, a umas 10 horas da capital. Tikal foi uma das mais importantes cidades maias e o lugar é absurdo! Pirâmides, templos, palácios... Todos construídos mais ou menos entre 200 d.C. e 850 d.C.
Eu não vou falar muito sobre a nossa caminhada de 5 horas, porque resolvemos ilustrar melhor essa experiência utilizando tecnologias pós-colombianas. Semana que vem eu conto sobre o resto da viagem. Por enquanto fiquem com a nossa mais nova empreitada, o Mira Pues (expressão mais usada depois do famoso “Fijáte” – uma espécie de “note”, “veja bem” -, dito a cada vírgula), pocket show mais chulero* da Guatemala. O nervosismo da improvisação me fez esquecer plurais e pronúncias em português (ver: "válios" e "artesãos"), sorry.
Ah sim, isso tudo era só pra dizer que eu vou fazer mais uma tatuagem, inspirada pelo mundo maia, com dois objetivos distintos: marcar definitivamente minha experiência de intercâmbio nesse lugar maluco e, claro, acertar as contas com a civilização que previu o caos em 2012.
Hasta luego, muchis.
*Chulero = bacana, legal, sussa.