segunda-feira, 7 de junho de 2010

Somente por amor

Em mais umas andanças chapinas, fui parar na cidade de Xela, que pertence ao departamento de Quetzaltenango. Embarcamos num sábado de madruga eu, Fábio (Brasil), Miriam e Fidel (México), Estrella (Guate), Nina (Noruega), Malek (Alemanha) e o Pieter (Holanda).

Para aquecer os motores e espantar o sono de todos os passageiros, o motorista resolveu colocar pra tocar "A 77 piores da Guatemala" e nos fez ir ouvindo daqui a Xela (3h30 de viagem) uma seleção de música medonha no último volume. Nessa hora agradeci a Deus a existência de MP3 player e Ipods e fui ouvindo a linda sintonia entre guitarras, baterias e baixos ser invadida por um toque de sanfona desafinada nos resquícios da caixa de som do ônibus que entravam pelos meus ouvidos.

Justamente naquele sábado era a final do "Guatemaltecão", que apelidado por mim seria algo como o Campeonato Brasileiro em terras chapinas e em estádios piores que do Estrela, em Cachoeiro do Itapemirim (para quem não sabe é o time da cidade natal do Roberto Carlos, que por sinal fará um show na Guatemala este mês hehehe). A cidade estava em polvorosa, porque a final foi entre o Municipal (da capital) e o Xelaju. E como Xelaju se pronuncia como Shelarrú e absolutamente ninguém conhecia o time (a não ser a Estrella), o apelidamos carinhosamente de XelaWHO?

Depois de devidamente instalados e alimentados, fomos ver o que a cidade tinha a oferecer. Bem, algumas voltas e uns quilômetros caminhados e vimos que não tinha tanta coisa assim. E eu insisti para que fôssemos ao tal Templo de Minerva, sugestão da amiga Celeste, que seria uma construção em estilo grego no meio da cidade. O que ela esqueceu de falar era que o tal templo estava caindo aos pedaços e que tudo ao redor fedia. Só sei que a Deusa da Sabedoria deve ter remexido a tumba na Grécia, em Júpiter, ou onde for, ao saber que aquilo foi construído em sua homenagem. Depois do templo, passeamos pelo mercado, rodamos mais um pouco e saímos para terminar de ver o tal jogo em um bar na cidade. Resulta que o XelaWHO perdeu de 3x0 e o Fidel ainda gritou "goool" quando o Municipal fechou o placar. Acho que nenhum habitante de Xela iria revidar a provocação, já que 99% do lugar tinha menos de 1.50 m.

De qualquer maneira, a visita a Xela valeu porque tivemos uma experiência que não se encontra em qualquer lugar. Nessa cidade há uma lenda de uma cigana que morreu muito jovem e que todos os dias aparecia uma rosa em sua tumba. A rosa supostamente era de um casinho proibido que ela teve antes de virar pó. No final das contas, as pessoas começaram a fazer pedidos de amor à cigana e hoje todos que vão a Xela têm que deixar um recadinho na sua tumba esverdeada. Nós que não somos bobos fizemos o mesmo, porém com a dúvida cruel se a pobre Vanuscha iria entender a torre de babel em que se transformou aquele cemitério.

E como boas ideias não têm hora e nem lugar, Vanuscha Cárdenas Barajas serviu de inspiração para o 3º episódio do Mira Pues, mais cosmopolita do que nunca.

Hasta luego, muchis.