(Para ler com voz de sambista)
“Alô Guatemala!! Sacode, sacode, vai!”
“Alô Guatemala!! Sacode, sacode, vai!”
Um comentário rápido antes que o mundo estremeça outra vez. Eu costumo ter um sono muito pesado, de não se deixar abalar por acidentes de carro na porta de casa ou por um grupo de pagode ensaiando nas primeiras horas da manhã ou com acidentes de carro com grupos de pagode. As duas únicas coisas que me fizeram acordar na Guatemala foram um dia em que uns chapines malucos resolveram soltar fogos às 5h da manhã e o dia em que a terra tremeu duas vezes enquanto eu tentava dormir. Aqui vai a história que já contei 70 mil vezes ao vivo, 40 por teleconferência, 65 por e-mail e uma pelo jornal online mais lido do meu Estado hahaha (um beijo, Melina!)
Madrugada do dia 23/02 – Acordo com “alguém” me sacudindo, abro o olho, percebo que havia algo diferente, mas ignoro a sacudidela e meu cérebro me manda uma mensagem de que aquilo era apenas o mundo maia me embalando para dormir.
4h45 da manhã – Acordo com uns tremiliques da placa tectônica mais próxima e tenho a sensação de ter bebido um litro de vodka. “Era uma sensação de rodar e rodar e rodar...” E foi quando disse: “Berenice, segura! Nós vamos tremer”. Mentira, nem deu tempo de pensar no clássico do Youtube, mas adorei que me lembraram dessa citação um dia depois. O lance é que a cama sacudia, o teto girava, a mesa tremia e eu tentava gritar o povo da casa, mas a voz simplesmente não saía. Fiquei estática (até onde o sismo permitiu) na cama e a única reação que tive foi colocar as mãos para proteger a cabeça e agradecer pela nossa casa não ter laje no segundo andar. Dormi mal o resto da noite e só de manhã, ao conversar com os meninos, me dei conta da situação e de que todo mundo estava assustado e sofrendo sozinho hehehe.
Na Novartis o papo matinal era o terremoto, óbvio. E quando já estava todo mundo envolvido com seu trabalho novamente, eis que surge um novo abalo às 9h50 da manhã e corre todo mundo para evacuar o prédio. Resultado: agora, qualquer caminhão que passe na avenida da frente e faça tremer a janela em 0.005 graus na escala Richter já me faz pensar que é a terra se encaixando numa posição mais confortável. Mas agora já sei o que fazer, porque minutos depois do último abalo, recebemos um e-mail com dicas sobre como agir na hora do caos!
O fato rendeu um depoimento no Gazeta Online por culpa dos queridos amigos jornalistas que trabalham lá. E apesar do que alguns queriam, que tivesse gente desesperada pela rua e casas destruídas, entre mortos e feridos todos se salvaram.
O mais legal é que o terremoto foi justamente no dia em que inaugurou-se o ano no calendário maia. Logo, minha teoria é de que algum ancestral pré-colombiano resolveu quebrar tudo num after party bem maluco! Ou que a culpa é, como sempre, da Leila Lopes, porque afinal de contas tudo pode acontecer em uma tarde com um lindo sol azul que brilhava às 17 horas.
Dedico essa matéria à Leila, que em menos de um ano já rendeu a maioria de citações desse blog.